Prezados alunos de Administração, Processos Gerenciais, Ciências Contábeis e Gestão Hospitalar,
segue o modelo da
resenha prometido. Lembrem-se de que a modalidade é a resenha acadêmica
crítica, escrita em texto corrido, sem paragrafação. As anotações estão no final da página. Leiam com cuidado.
Desejo a todos um excelente feriado e uma boa páscoa!
Saudações cordiais,
Professora Marília
Uma releitura do seminário 11 de Lacan
LACAN,
Jacques. O Seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise
(1964). 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
Jaques Lacan, em seu 11º seminário (1998,
p.242), indica na relação de sujeito com o analista, pelo ideal do eu, uma
experiência de análise. Observa-se o rompimento da possibilidade combinatória
que ele faz, no questionamento de recalque proposto por Freud[MM1] .
O processo de identificação desse eu começa através de um ponto eleito no campo
do outro. Nesse campo, ele se vê como sujeito amado. “O ponto do ideal do eu é
o de onde o sujeito se verá, como se diz, como visto pelo outro – o que lhe
permitirá suportar-se numa situação dual para eles satisfatória do ponto de
vista do amor”. “Enquanto miragem especular, o amor [...] se situa no campo
instituído no nível da referência do prazer, desse único significante
necessário para introduzir uma perspectiva centrada no ponto ideal, I
maiúsculo, colocado em algum lugar do Outro, de onde o Outro me vê, na forma em
que me agrada ser visto.” (LACAN, 1998, p.253). Entende-se que no amor como efeito de transferência, sob a ótica do
narcisismo, amar consiste em querer ser amado. Desse amor, enquanto objeto de
transferência, é o causador da resistência à revelação do inconsciente e mesmo
da reação do analista diante da resistência.
“O inconsciente é a soma dos efeitos da fala sobre o sujeito, nesse
nível em que o sujeito se constitui pelo significante”, (LACAN, 1998, p.126)[MM2] ,
considerando que a soma dos efeitos da fala consistem nos equívocos, chistes,
lapsos, sonhos ou mesmo no eixo metonímico e nos efeitos do significante,
manifestando-se, simbolicamente, pela linguagem. A linguagem como sendo ela
própria, uma perda do inconsciente. Trata-se
da perda da lalangue, deixando como rastro do inconsciente, o significante. “A
perda produz uma zona de sombra”, (LACAN, 1998, p.127). O traço do barramento,
a castração, o traço unário ou o significante inicial produz uma perda de que nunca
saberemos o objeto perdido. O que resulta dessa perda é o resto como lembrança,
angustiante ou paralisante, como efeito inconsciente em outros acontecimentos. [MM3] È
a perda atribuída ao momento que o sujeito produz um objeto que se sobrepõe à
falta. Não se sabe, contudo, o que é a causa perdida. O indivíduo, assujeitado
ao desejo do analista, tenta enganá-lo dessa sujeição. “[...] o sujeito
enquanto assujeitado ao desejo do analista, deseja enganá-lo dessa sujeição,
fazendo-se amar por ele, propondo por si mesmo essa falsidade essencial que é o
amor. Ele só é repetição do que passou assim-assim, por ter a mesma forma. Não
é sombra das antigas tapeações do amor. É isolamento, no atual, de seu
funcionamento puro de tapeação.” (LACAN, 1998, p.240). Assim, no encontro com o analista, o que
se dá por meio de transferência, o inconsciente se fecha, criando um paradoxo:
o inconsciente é fechado, mas o analista torna-se conivente com a tapeação que
lhe é proposta. O inconsciente funciona para Lacan como o “discurso do outro”,
dada a enunciação do sujeito[MM4] .
Como nos indica Lacan (1998), o inconsciente faz um apelo à “reabertura”,
exatamente na maneira como a interpretação do analista se torna decisiva para
dar conta do nó da transferência. O jogo do inconsciente, seja através de
sonho, chiste ou lapso, procede a interpretação. Na falta, o sujeito considera
diferentes significantes no campo do outro. Para Lacan (1998), é justamente o
primeiro significante que se torna portador do que ele chamou de infinitização
do valor do sujeito. Na transferência, o sujeito refaz sua fantasia, a partir
de um outro ao qual ele se assujeitou. O papel do analista na transferência não é
responder àquilo que o analisando espera, ou seja, o analista não responde da
forma ideal que se é esperada. O analista é, portanto, uma espécie de sujeito
do desejo. Para Lacan, a tapeação do amor, no processo de transferência, é
tratada também a partir da pulsão, enquanto se identifica o processo de
separação. Assim, o plano da identificação é possível pelo intermédio da
separação do sujeito na experiência. [MM5] A
experiência do sujeito é assim reconduzida ao plano onde se pode presentificar,
da realidade do inconsciente, a pulsão.” (LACAN, 1998, p.259). A pulsão
seria o resultado da maneira como funciona
a cadeia de significantes que se situa no outro? “O Outro é o lugar em que se
situa a cadeia do significante que comanda tudo que vai poder presentificar-se
do sujeito, é o campo desse vivo onde o sujeito tem que aparecer. [MM6] E
eu disse – é do lado desse vivo, chamado à subjetividade, que se manifesta
essencialmente a pulsão.” (LACAN, 1998, p.194). Dessa forma, pensando no lugar
que o outro ocupa na transferência, o sujeito pode tomar o objeto não mais como
via de gozo, mas como um causador de uma nova experiência que lhe permita
escrever sua nova cena no mundo.
Mestre em Linguística Aplicada
Fale- UFMG-2013 [MM7]
[MM7]Assinatura
do autor com indicação do grau acadêmico e da instituição, ano de elaboração.
Passo
a passo da resenha acadêmica
1.Coloque
o título (não, necessariamente, o mesmo do objeto resenhado).
Informe os dados bibliográficos a respeito da
obra que está sendo resenhada.
2.—Apresente
as credenciais do autor.
—Resuma
o texto, que deve ser escrito em modelo texto corrido, ou seja, sem parágrafos.
3.—
Faça uma análise crítica, podendo até fazer comparações, caso haja espaço para
tal.
4.
Faça a recomendação ou não da obra resenhada, podendo especificar se é uma
leitura indicada para crianças, jovens, adultos, estudantes, etc.
5.
Identifique o autor do conteúdo resenhado.
6.
Assine sua resenha e lembre-se de informar as referências feitas na sua
resenha, caso as tenha feito.
—A
resenha tem como principal característica, o fato de ser um breve texto, como
se fosse um resumo mas que é feito comentando o trabalho realizado. A resenha
precisa ter uma ótima qualidade em seu conteúdo e é preciso dominar muito bem
as normas da ABNT para que ela fique padronizada. Todo o texto da resenha deve
ser feito de forma uniforme, não podendo conter subdivisões, e na primeira
folha, deverá constar a referência bibliográfica da obra que está sendo
comentada. —O texto é com alinhamento justificado e não use negrito e nem
espaçamento entre os parágrafos. —Para ser uma boa resenha, lembre-se ainda de
garantir um português correto, ideias claras e uma boa estruturação.