18 março 2018

 
No dia 14 de março de 2018, os alunos do curso de letras da Faculdade FIBH participaram de um evento na Academia Mineira de Letras (AML). O evento faz parte da programação da Casa da palavra, com o intuito de reunir especialistas da área, com a proposta de discussão Lacan na Academia-Conversando com a Literatura. 
O psiquiatra e professor da UFMG, Doutor Antônio Teixeira, fez um percurso do lugar ocupado por Diadorim, personagem emblemática do romance “Grande Sertão Veredas”, levantando a hipótese de que o apelo ao feminino não vai ao universo do grande sertão, sem passar pelo próprio universo. Diadorim é quem rompe o universo em que Riobaldo se encontra. Segundo o professor, a personagem é quem, de fato, guia Riobaldo para fora do universo.
Arquivo pessoal-Marília Mendes, 14/03/2018
   O sertão, enquanto espaço privilegiado na narrativa, funciona como uma metáfora de algo que está prestes a se perder. Guimarães Rosa faz falar o “grande sertão”. Neste espaço de frequentes transformações, diz o cineasta Gustavo jardim: “a personagem Diadorim é a santa e a demoníaca do feminino". O discurso guiado por ela não produz uma discursividade, mas o provoca o tempo todo.
A incidência do feminino está na imagem da donzela guerreira e corajosa (“Coragem! Carece de ter muita coragem!"). Neste universo sertanejo, o discurso torna-se o orientador da nossa deliberação. A ideia de semblante pelo olhar da psicanálise está na imagem do “sang rouge”, expressão francesa que traduz o sangue vermelho no romance de Guimarães Rosa.
Com a visão de transposição do limite, os convidados fecharam o debate com o convite à reflexão: a imagem de Diadorim projetada no corpo da mulher do nosso século. A imagem pela imagem, a representatividade da guerreira que descansa, sem fechar os olhos, em cada uma de nós.
Professora Marília Pereira Mendes, Março de 2018.
Professora de Comunicação Empresarial, Linguística, Morfossintaxe, Estrutura do Latim, Filologia Românica, História das ideias linguísticas (HIL)