05 março 2015

Para pisar no coração de uma mulher
Alpercatas de aço
O amoroso cangaço
Para pisar no coração de uma mulher
Pés descalços sem pele
Um passo que a revele.
( Chico César )

O que elas têm em comum? Talvez a bravura das rainhas, como na força do trabalho da majestosa Vitória. São lendárias como a rainha de Sabá. Míticas como Joana D'Arc. Inquietas como a célebre Cleópatra. São divinas, semideusas e revolucionárias. Simples em qualquer lugar do Brasil, instintivas e amadas. Elas plantam algodão, participam da colheita e ainda benzem na testa. Amantes da arte e sabidas, herdaram de Maria, a mãe de Jesus, o dom  da servidão.

São donas dos doces sabores e das massas, dos vinhos e das harmonizações. Alheias aos modismos literários, geralmente elas estão onde "eles" estão, seja na dor ou na glória. São filhas de Ogum. São religiosas, missionárias em causas urgentes. Dos mitos, elas bem entendem. Estão sempre prontas, mesmo quando ainda falta algum tipo de acabamento. Gostam de espelho na mesma proporção de que gostam de música e de dança. Colocam salto alto desde criança. São enfeitadas, mesmo quando parecem esquecidas.

Quando entendem de um assunto, decidem entender de outro, porque são práticas e firmes em qualquer propósito. Seduzem mais com palavras do que com bocas. Não fazem rodeios, quando têm um desejo. São diretas e contudentes. Mulheres são poesias com pernas. Elas não param. São imediatistas e eternas, controvertidas e belas. 

Lotam as universidades, criam filhos e segredam histórias. São mágicas quando amam ou quando deixam de amar. Como chefes da própria cozinha, são cheias de encanto e ainda fazem doces e versos, não, necessariamente, na mesma ordem. Saem para trabalhar e, quando voltam, ainda encontram trabalho. São tão ocupadas e ainda driblam o tempo para escolher a cor da próxima lingerie. São tão modernas e tão "Amélias de verdade" e pintam tanto os cabelos! E que ninguém ouse compreendê-las porque elas não têm resposta. Estarão sempre com muitas histórias e, por isso, falam muito. Mas são silenciosas no amor e sabem que amar é tão complexo como um beco sem saída.

São nomes históricos e sobrenomes. São anônimas. Imperfeitas em muitas coisas, mas estão sempre começando uma nova batalha. Um pouco delas na filha, na mãe, na líder, na amiga, na amada, na professora, na aluna, em você ! São inspiradoras para os grandes homens. São desdobráveis como Adélia. Mulher é desdobrável. Eu também sou!
                                Professora Marília Mendes
(08 de março, dia internacional da Mulher)