24 fevereiro 2015

No Leste Asiático a queda foi de 26% para 8%. Na China, foi de 30% para 8%. Já na África Subsaariana a redução foi apenas de 35% para 29%. Como fica claro, o verdadeiro remédio para o mal do trabalho infantil é a globalização, o capitalismo, as reformas liberais. Wolf afirma: “Os pais não colocam seus filhos para trabalhar por maldade ou indiferença, mas somente por necessidade”. Logo, o crescimento econômico é o caminho para o combate ao trabalho infantil.
A redução de crianças trabalhando pesado não se deu por conta de fiscalização de governos, leis duras ou esmolas estatais, mas, sim, por causa do avanço econômico, fruto do capitalismo global. Aqueles que realmente ficam indignados com a imagem de uma criança trabalhando numa lavoura ou carvoaria, deveriam largar a retórica de lado e procurar entender o que de fato pode combater esse mal.
Se fizerem isso com honestidade, irão abandonar o discurso antiglobalização, vão parar de condenar a ganância das empresas na busca pelo lucro, e entenderão que o capitalismo liberal é justamente o único meio para atacar o problema. O resto é papo de quem gosta de posar de nobre, mas não liga muito para resultados concretos.

Na visão do jornalista Rodrigo Constantino, a solução para o trabalho infantil está na globalização e nas reformas liberais. Segundo ele, no artigo publicado na revista Veja (23/09/2013), o crescimento econômico seria a grande solução para o problema do trabalho infantil. No Brasil, o número de crianças expostas em situação de trabalho escravo infantil tem sido reduzido graças a ações governamentais e através de denúncias que contribuem para que o governo possa identificar quais são as empresas que infringem a Lei.

 Milhares de crianças ainda deixam de ir à escola e ter seus direitos preservados, e trabalham desde a mais tenra idade na lavoura, campo, fábrica ou casas de família, em regime de exploração, quase de escravidão, já que muitos deles não chegam a receber remuneração alguma. Hoje em dia, em torno de 4,8 milhões de crianças de adolescentes entre 5 e 17 anos estão trabalhando no Brasil, segundo PNAD 2007. Desse total, 1,2 milhão estão na faixa entre 5 e 13 anos.
Apesar de no Brasil, o trabalho infantil ser considerado ilegal para crianças e adolescentes entre 5 e 13 anos, a realidade continua sendo outra. Para adolescentes entre 14 e 15 anos, o trabalho é legal desde que na condição de aprendiz. (http://br.guiainfantil.com/direitos-das-criancas/450-trabalho-infantil-no-brasil.html)

Na narrativa AS CORES DA ESCRAVIDÃO, de Ieda Oliveira, Tonho, o protagonista, torna-se vítima do trabalho escravo infantil, sendo levado à fazenda pelas mãos do Gato Barbosa, onde, sem saber, foi exercer um trabalho forçado. A literatura infantil intertextualiza-se com a história de Tonho. Envolvido pelas histórias fantásticas que a avó contava, o menino sonha em se tornar rico e mudar de vida, tornando-se o Marquês de Marabá.

No entanto, ao se ver ludibriado pelo Gato Barbosa e pelo Gato Tanguá, ele consegue se salvar e mudar o destino que teria, como aconteceu com outras crianças, que foram levadas para a mata e, consequentemente, tiveram sua infância perdida. A Constituição Brasileira é clara: menores de 16 anos são proibidos de trabalhar, exceto como aprendizes e somente a partir dos 14. Tonho representa milhares de crianças e adolescentes que trabalham, em grande número no setor agrícola, que ainda lidera o hanking do trabalho escravo infantil no país, sobretudo na região Nordeste.

Além do setor agrícola, as crianças, em geral, desempenham um trabalho irregular no setor comerciário e, também, no setor doméstico. Na região Sudeste, o número se mostra bastante expressivo no trabalho informal. A informalidade ainda é um tipo de trabalho comum nos grandes centros urbanos, muitas vezes realizado com a própria conivência da família. A narrativa leva-nos à reflexão. Ainda convivemos com o mito de que o trabalho infantil ajuda a tirar as crianças da rua, evitando que se tornem marginais, além de contribuir de forma significativa no aumento da renda familiar. Entretanto, esse mito não pode ser justificativa para que milhares de crianças deixem a escola para  se dedicarem ao trabalho. Trabalho não é coisa de criança. Lugar de criança é na escola. 

                                        Bom trabalho, turmas!

                     Professora Marília Mendes

Referências

* Revista Veja http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/economia/a-globalizacao-no-combate-ao-trabalho-infantil/
*Guia infantil <http://br.guiainfantil.com/direitos-das-criancas/450-trabalho-infantil-no-brasil.html)>