Resumo de português: Figuras de linguagem
A
partir dos aspectos lógicos e gerais observados na língua (norma
culta), a gramática formula princípios que regem as relações de
dependência ou interdependência das palavras na oração. Por outro
lado, ensina que outros fatores podem interferir na sintaxe ou
construção das sentenças, alterando a concordância, a regência
ou a colocação.
1º
GRUPO: Figuras de construção
Elipse
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Omissão de termos que podem ser
subentendidos facilmente.
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Exemplo
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Quanta perversidade no mundo!
(Subentende-se o “há”.)
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Zeugma
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Variedade de elipse; omissão de
termo anteriormente expresso.
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Exemplo
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O inocente foi, preso; o culpado,
solto. (Subentende-se o segundo “foi”.)
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Assíndeto
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Falta de conjunção entre
elementos coordenados.
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Exemplo
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Estava mudo, pálido, trêmulo,
assustado. (Repare que poderia haver um “e” entre os dos
últimos termos da frase.)
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Pleonasmo
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Repetição de ideias (com as
mesmas palavras ou não) para realçá-las ou enfatizá-las.
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Exemplo
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Vi com meus próprios olhos.
(Está claro que ninguém pode ver com os olhos alheios.)
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Polissíndeto
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Repetição do conectivo entre
elementos coordenados.
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Exemplo
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Foi e voltou e correu e pulou e
brincou. (A repetição do “e” enfatiza a quantidade de ações
enunciadas.)
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Hipálage
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É atribuir-se a uma palavra o
que pertence a outra na mesma frase.
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Exemplo
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“Em
cada olho um grito castanho de ódio”. (Note que, pela lógica,
“castanho” se refere a “olho”. A frase é do escritor
Dalton Trevisan.)
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Hipérbato
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É a inversão da ordem natural
das palavras numa oração ou das orações num período.
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Exemplo
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“Ouviram
do Ipiranga as margens plácidas...” (A ordem natural ou direta
seria: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram...”)
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Anáfora
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Repetição da(s) mesma(s)
palavra(s) no começo de cada um dos termos da oração.
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Exemplo
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“Este
amor que tudo nos toma, este amor que tudo nos dá, este amor que
Deus nos inspira, e que um dia nos há de salvar...”
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Silepse
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Também chamada de concordância
ideológica. Faz-se a concordância com a ideia subentendida e
não com a palavra expressa. Pode referir-se ao gênero, número
ou pessoa.
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Exemplos:
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Deixei a agitada São Paulo.
(Silepse de gênero, a rigor São Paulo é masculino.)
Grande parte dos eleitores estavam longe de aprovar os descaminhos da CPMI. (Silepse de número: a ideia é de plural, embora, a rigor, o sujeito – “Grande parte” – esteja no singular.) Os que conseguimos pular fora, pulamos. (Silepse de pessoa: a frase deveria ser “Os que conseguiram pular fora, pularam”, mas quem a enuncia se inclui entre os que praticaram as ações expressas pelo verbo). |
2º
GRUPO:Figuras de
som
a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais. "Belos beijos bailavam bebendo breves brumas boreais" (Luan Farigotini) b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos. “Ó Formas alvas, brancas, Formas claras” (Cruz e Sousa) c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos. "Com tais premissas ele sem dúvida leva-nos às primícias" (Padre António Vieira) |
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3º
GRUPO:Figuras de
pensamento
a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido. "Eu vi a cara da morte, e ela estava viva". (Cazuza) b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico. “A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.” c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável. Seu Jurandir partiu desta para uma melhor. (em vez de ele morreu) d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática. Estava morrendo de fome. (em vez de estava com muita fome) e) prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados. “Devagar as janelas olham...” (Carlos Drummond de Andrade) f) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax) "O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha a gula do milionário." (Olavo Bilac) g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada). “Ó Leonor, não caias!” |
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4º
GRUPO:Figuras de
palavras
a) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido. “Meu coração é um balde despejado” (Fernando Pessoa) b) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe: Sócrates tomou as mortes. (O efeito é a morte, a causa é o veneno).
c) catacrese: ocorre quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se
outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não
mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido
figurado.
O pé da mesa estava quebrado. d) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade: O Rei do Futebol (em vez de Pelé) e) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. "Como era áspero o aroma daquela fruta exótica" (Giuliano Fratin) |