06 junho 2010

 Aproveitando o trabalho da ciranda do Livro no mês de junho, voltado para o concurso Literário da Fundação Assis Chateaubriand, com o tema “ Drummond, um testemunho da experiência humana “,  no feriado , li o livro do escritor búlgaro Rúmen Stoyanov, que se encarregou de trocar arte e poesia com o então poeta mineiro, Carlos Drummond de Andrade.
    Desde 1969, esse autor se encarregou de levar, através das suas traduções, a poesia , essencialmente brasileira, para o seu país, o que explica o amor que Drummond fomentava pela Bulgária. São inúmeras cartas trocadas pelos dois escritores, revelando  a proximidade cultural da poesia nacional à identidade poética búgara.

E ao falar de amor, tão naturalmente, ele, o poeta itabirano, resguardado às suas impressões da infância, da cidade natal, do filho homem que não teve e do amor fraternal, contextualizado em um período pós-guerra, salienta-se um mineiro quieto e inquieto simultaneamente, porque ele não se conteve, mesmo em obra póstuma como em O Amor Natural, em que ele erotiza o amor e apresenta ao mundo da Literatura sua amante, descreveu lindamente que o amor bate na aorta e é “ bicho instruído “.
Portanto, no dia dos namorados , porque todos os outros são santificados ao amor , escute a voz eterna do poeta que eu aprendi a gostar ainda na adolescência :


O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.

Reitero que o concurso é resultado da experiência literária da Ciranda do Livro, que eu abracei com muita vontade de participar, porque dessa vez tem Drummond e com ele , tenho, há muito, um sedimentado caso de amor à poesia que nasce em Minas e cria-se para o mundo...
Participem!!!
Beijo da  Marília