27 agosto 2010

Tudo que o Modernismo trouxe como estampa para o país representa a enorme ruptura artística em relação ao passado. O novo estabeleceu-se na figura de nomes como Oswald de Andrade , satirizando os meios acadêmicos e a própria burguesia.




Escrevi um artigo para uma revista literária da UFMG em 1998 e resgatei dele poemas como Bucólica e Pronominais. Vieram-me na experiência da aula , destacando o antropófago do Modernismo e a leitura de Abaporu ( 1928) de Tarsila do Amaral.



As paródias de Oswald, o Dadaísmo presente no ready-made, a poesia pau-brasil, no momento em que monjolos, bois, escravos e fazendeiros, compondo o ciclo do açúcar, tornaram-se elementos para os ideais modernistas, indicados desde as vanguardas à tradição.



O amor que Oswald alimentava por São Paulo, sua cidade natal, que entendemos como temática de expoente na sua obra, foi um dos condutores de seus grandes poemas.



Mas a obra-prima de hoje, na releitura que Mário faz de Vom Roraima Zum Orinoco, do alemão Koch-Grunberg, fica por conta do herói pelas desqualidades que apresentava, pela miscelânea entre as variações linguísticas, pela covardia e pelo anti-heroísmo do personagem, que implica na falta de caráter, aliás, adorada pelos leitores que admiram Macunaíma ,a rapsódia, um estilo com a mistura de motivos populares.


O nascimento de Macunaíma, seu romance com Ci, a maneira como ele a domina para tê-la, tudo isso contribui para dar destaque a uma obra que, quanto mais leio, mais tenho a discutir sobre o universo neologístico de Mario de Andrade.


No momento em que Ci dá o muiraquitã a Macunaíma,está simbolizado ali, o amuleto das divergências que vieram depois.E novamente, quando o protagonista e os irmãos partem para São Paulo, o mesmo cenário principal de Oswald de Andrade vem à tona.


É um misto com a cultura vigente que impressiona, tudo muito bem alicerçado com a capacidade de invenções narrativas e linguísticas do todo poderoso Mario de Andrade. Só lendo para crer...


Beijo da Marília