06 maio 2015

A evolução do computês

                 (Atividade para o 1º ano/ EM )

No mundo da informática, tudo muda muito depressa - inclusive os nomes das coisas. A começar pela própria "informática", palavra-valise formada pelo truncamento e justaposição de "informação" e "automática", termo que os computólogos detestam, contrapondo-lhe o mais acadêmico "computação". Aliás, "computólogo" é gíria, o certo mesmo é "cientista da computação.

No entanto, até os anos 1970 o termo que designava essa tecnologia era "cibernética", que hoje sobrevive apenas no prefixoide "ciber" (às vezes, cyber) de "ciberespaço", "cybercafé", etc. Naquela década, havia uma série famosa de TV chamada Cyborg, amálgama de cybernetic organism, misto de organismo biológico e máquina, que acabou aportuguesado para "ciborgue". O herói da série era um militar que tivera partes de seu corpo substituídas por próteses de altíssima tecnologia, o que lhe garantia superpoderes, dentre os quais o olho biônico, que enxergava a longa distância. Como o órgão biônico era uma parte artificial do corpo, ganharam o apelido de "biônicos" também os senadores nomeados pelo Executivo (portanto, não eleitos por voto direto) para garantir que o partido do governo militar tivesse maioria no Senado.

Nessa mesma época, o computador era chamado de "cérebro eletrônico". Há até uma canção de Gilberto Gil homenageando a então oitava maravilha do mundo moderno: "O cérebro eletrônico faz tudo / Faz quase tudo / Faz quase tudo / Mas ele é mudo / O cérebro eletrônico comanda / Manda e desmanda / Ele é quem manda / Mas ele não anda" (Gilberto Gil, Cérebro Eletrônico). Os computadores que inspiraram o poeta baiano eram monstrengos que ocupavam uma sala inteira e processavam dados por meio de fitas magnéticas; o input de dados era feito com cartões de papel perfurados. Aliás, é dessa época também a designação "processamento de dados" como sinônimo de computação. (Hoje se diz "tecnologia da informação" ou simplesmente "TI".)


Quem ainda se lembra de que na década de 1990 o HD (ou "disco rígido") dos microcomputadores era conhecido por
winchester, alusão à famosa espingarda dos tempos do velho Oeste? E que os saudosos disquetes eram chamados de "bolachas" ou de floppy disks? E que um computador de mesa era um desktop (geralmente do modelo minitorre)?

Os computadores pessoais, fossem eles
desktops ou laptops (também chamados de notebooks), eram conhecidos como micros, e havia quem 'micrasse' (isto é, digitasse) um texto. Nada estranho, afinal muitos 'printavam' (imprimiam) documentos e 'inputavam' dados! Isso mesmo, inputavam com "n", do inglês input, pois "imputar" com "m" é termo jurídico. E quando se 'inputava' algo no micro, este 'outputava' (de output) um resultado. Exceto quando travava, situação em que era preciso dar um boot, ou simplesmente 'rebootar' a máquina. Bons tempos!

QUESTÕES
1. Considerando a evolução do computês, a que conclusões podemos chegar em relação aos termos empregados pelos internautas? Explique.
2. Quando o autor emprega a expressão “bons tempos”, ao finalizar o texto, a que tempos, precisamente, ele se refere?
3. Identifique de que maneira a variação diacrônica ocorre na rápida mudança desses termos no vocabulário do computês.
4. Por que o computador era chamado de cérebro eletrônico? Essa nomenclatura referente ao computador sofreu mudanças ao longo dos anos? Explique.
5. Analise a formação da palavra-valise informática, apresentada no 1º parágrafo.
6. Explique a frase seguinte: “E quando se 'inputava' algo no micro, este 'outputava' (de output) um resultado. Exceto quando travava, situação em que era preciso dar um boot, ou simplesmente 'rebootar' a máquina.”
7. De que maneira o emprego dos estrangeirismos no computês pode ser considerado útil para o nosso léxico? Explique.

Crédito das questões: Professora Marília Mendes.