20 julho 2011

Contrariando Alexandre , o grande, eu diria que não quero ter um zilhão de amigos. Não estou me candidatando a nenhum cargo político e estou na rede para divulgar ideias. Mas o que seriam das ideias, se você não tivesse amigos com quem compartilhá-las? Uma via de mão dupla. A democracia facebooqueana, os twitteiros de plantão, blogueiros e saudosistas do orkut que me perdoem, mas quanto mais o tempo passa, realça em mim a sabedoria de que os velhos amigos e que são poucos (muitos nem fazem questão de aparecerem online ) , é que não nos abandonam.  
No entanto, são as redes sociais que cumprem , em tempo real, tudo que você imagina em questão de segundos.Vai desde o triunfo batedor de records do bruxo Harry Potter até a pisada feia de bola do Brasil ao perder pênaltis. Eu diria que lá em Minas, alguns meros amadores batem pênaltis melhor. Caiu na rede é peixe.Você fica por dentro do horário do voo do Wilhiam Bonner , do quê e quem vai comer O Luan Satan ( e eu já não aguento mais o Luan Satan) até a indisposição dos democratas frente ao governo Agnelo no DF. Variam os tamanhos.Tem peixe grande e tem do pequeno também. Eu criei um aquário lá em casa com peixes ornamentais. Um espetáculo! Agora me perguntem se comuniquei isso...Não poderia deixar de expressar que os aquários descansam os olhos e que não há movimento mais encantador do que ver um cardume novo tomando o espaço do coletivo veterano. 


A faixa etária também não segue nenhuma legislação virtual. Com essa onda de virtualidade, todo mundo pode. Achei o máximo descobrir que uma amigo do meu pai, diga-se de passagem, bem mais velho do que ele, enviuvou e criou há poucos dias, um perfil no orkut. Conectar tornou-se o verbo mais regular que conheço atualmente. 
Existem aqueles que não vão ceder ao patrimônio da alcunha de Alexandre? Mas é claro que sim... Muita gente ainda está exilada desse trem bala que virou o meio cibernético.Vá tomar café com algumas Marias, filhas do Rio Jequitinhonha e elas não compreenderão sua linguagem internetês. E ainda viverão 100 anos sem compreender tudo isso e talvez serão mais felizes. 
Hoje é o dia do amigo e quem me segue no twitter ou me curte no facebook ainda não deu o ar da graça. Mas aqueles velhos companheiros de estrada, na histórica Minas Brasília que criei, já encheram meu celular de torpedos. Os torpedos também deixaram o homem moderno mais cool. O torpedo é um telefonema escrito e mais barato.O SMS também está na rede.O saldo do banco, os compromissos, os GPS também estão.Os ingressos para o show do fenômeno da guitarra, Eric Clapton, já esgotados no Rio , também estão na rede.Os assaltos, os preços elevados, os últimos lançamentos e os próximos livros navegam livremente ou são navegados por todos. 
O modo de compartilhar na rede é um lugar comum. Alexandre tinha o dom. Ele era o ditador e tinha o poder da sedução. Os adeptos de Alexandre pleiteiam um espaço semelhante para a exibição total das suas vergonhas, dos seus encantos, das vitórias ou das suas derrotas. Onde vai dar essa onda...ainda não sabemos.Tenho a desconfiança de que a Microsoft está mesmo apertando o cerco e vai lançar um espaço novo para concorrer com o Facebook. Todos vão querer operar. Todos querem o mais novo. 
Eu, humildemente, no meu simples , mas muito promissor exército pedagógico, sei que vou ter bem menos amigos do que o Grande , mas  nem por isso, vou ficar esquecida nesse mundo tão grande, nem serei abatida pelo complexo de Peter Pan da modernidade Big Linux. Continuo compartilhando a sabedoria do velho e boêmio Vinícius : “O uísque é o melhor amigo do homem, ... Quanto mais velho, melhor..." 
Eu ando um pouco cansada do " estar na pele" internauta...Eu quero ter um quintal sem muro é a imagem que representa meu desejo. Ninguém mais está seguro na rede. É pouco confortável entender isso.Já fui vítima dos mal intencionados .Tornei-me internauta escaldada...Fui estudar informática e aprender a ditadura dos  alexandrinos.Nem por isso, navego com folga. 
Estou com saudade daquelas velhas cartas que demoravam a chegar e só por isso, enchiam o coração da gente de alegria. Estou com saudade da lentidão dos e-mails e dos torpedos naquele celular bitela, preto e pesado que carregávamos na cintura. Era prazerosamente lindo confirmar um horário com alguém naquela típica mensagem, que ficou obsoleta. E olha que, às vezes, elas nem chegavam, mas só de saber que elas estavam a caminho, dava cócegas na alma. Estou com saudade da máquina olivetti barulhenta que usava na faculdade. Doíam os dedos, a paciência, mas naquela época, eu era bem mais calminha que hoje. Eu tinha mais e verdadeiros amigos.  
O que me impressiona contudo, é que daqui a pouquíssimo tempo, estarei objetivamente nostálgica, ao sentir falta desse espaço virtual que criei. Certamente, meus netos irão rolar de rir, quando eu contar para eles que tive um blog, podendo um deles cometer a fatal ou brutal pergunta  : 
  - Vovó   Marilinha, o que era mesmo um blog?  
No que poderei responder sem pressa, ajeitando a poltrona com um controle superremoto, dando um falso clique no meu hand-pad : 
- Hein ???

Postado por Marília, a pequena

                                    
                                                  Professora Marília Mendes

  Texto motivador : http://www.blogsdoalem.com.br/alexandre/