27 novembro 2011


Atividade sugerida para trabalhos em turmas de ensino médio
 
 
  Alguns minicontos podem ser compartilhados em diferentes grupos.

(texto 1)
“A velha insônia tossiu três da manhã” (Trevisan, 1994, p. 76).



(texto 2)
“Carrossel Montada nos cavalinhos descia e subia ao mesmo tempo em que girava ao compasso da música. E presa ao carrossel viajava ao longínquo país da infância” (Simões, 1996, p. 55).



(texto 3)
“ASSIM:
Ele jurou amor eterno.
E me encheu de filhos.
E sumiu por aí” (Rufato, 2004, p. 52).



(texto 4)
“A lua não está sorrindo para ti e nem as estrelas choram por tua causa. Bebeste um pouco demais, meu filho, e perdeste o último bonde” (Wolff, 2005, p. 214).



( Texto 05 )
Brazil
Deram a alguns insanos 26 letras e 114 espaços. Confira a indigestão literária que um banquete de minicontos pode provocar.






( Texto 06)

MINICONTOS COTIDIANOS

OS FATOS SE SUCEDEM E AS TESTEMUNHAS NEM SEMPRE SÃO VISTAS. O QUE ACONTECERIA SE SEMPRE HOUVESSE ALGUÉM LÁ? EM 300 CARACTERES ALGUÉM PODE CONTAR.



Questões :
1. Do que tratam os títulos dos minicontos apresentados na seleção?
2. É possível identificar no miniconto os elementos da narrativa? Indique-os.
3. É possível afirmar que o miniconto é um texto narrativo? Comente.
4. Quais situações é possível inferir a partir da leitura desses minicontos?
5. A ironia é um recurso presente em alguns textos? Comente.
6. Para concluir, a partir do trabalho com os miniconto, como você definiria o gênero? Para responder, reflita, a partir da composição temática e estrutural dos minicontos expostos e do texto-base, apreciado no seminário.






 Produção de texto



Compreendido o miniconto enquanto gênero discursivo, os alunos serão desafiados a produzirem um miniconto. Considerando a estrutura das micronarrativas, a brevidade em que são apresentadas, é possível relacionar os textos literários em evidência, de forma que o papel do narrador, ao apresentar os fatos, construindo efeitos de ficção e de fatualidade, denota o embricamento do gênero miniconto com outros modos, além da narrativa. Seguindo a linha do pensamento crítico, observo a relação das competências envolvidas em estruturas que , de acordo com os padrões lexicais e sintáticos, enumeram-se em frases completas, com ações de personagens quase sempre não nomeados, mas envoltos a um enredo, que permite a objetividade dos fatos narrados e a subjetividade do lirismo presente nos minicontos.



O gênero miniconto situa-se no lugar da tradição. O que o torna diferente, contudo, é o formato mínimo em que é construído. Suas formas lógicas de causa e efeito parecem bem definidas. O real é perceptível a partir da visão objetiva ou subjetiva de que temos, quando percebemos os fatos e as personagens em cada miniconto.



Consideram-se ainda, os valores que podem ser discutidos quanto ao fatos e ao valor verdade que encerram na micronarrativa. Em especial, ao ler os minicontos da autora Lygia Fagundes Telles, que me pareceram mais satisfatórios aos olhos dos discentes, em 2010, pude inferir que os minicontos têm alma, são poéticos e polêmicos. Estão presos à condição humana do homem, da mulher, da criança, fazendo parte dos sentimentos que os acompanham ao longo da vida. Na perspectiva temporal, o miniconto também traz o aspecto da memória, resgatando o passado através dos verbos no pretérito, das analogias e do uso do pronome relativo “que” em muitas linhas dos pequenos contos.



Há ainda, em pequenos diálogos, como no que o narrador personifica o mar, diante do locutor-confesso, que busca uma resposta-conselho e ao que se percebe, na ambiguidade do verbo “ nada “ com que fecha o texto, não há resposta, talvez uma lacuna, efeito do fator indeterminado na narrativa de curta duração.



Há quem utilize o formato dos minicontos para o teatro ou para o stand-up. Redes sociais como o Twitter, também já estão limitadas a poucas letras, poucos caracteres. Seguindo o twitter do escritor Millôr Fernandes, leio diariamente, um miniconto sobre o Rio, em que ele se apelida guru do Méier, revendo as falcatruas políticas, abrindo espaço para narrar, em poucas linhas ( caracteres ) histórias curtas da sua cidade e do próprio país, incluindo os profissionais cariocas, que se mexem em dias com muita chuva. Sobressai a comparação daquilo que ele produz com efeito na mídia e com os mesmos textos curtos, considerados microcontos, organizados em grandes obras.

Texto 01

''Por que não lhe disse antes? Apertá-lo demoradamente contra o meu peito e dizer. Não disse porque pensava que tinha pela frente a eternidade.''
''A Disciplina do Amor'



Texto 02
''Tinha lá em casa uma estatueta com um anjo nu fervendo de desejo apesar do mármore, todo inclinado para a amada seminua, chegava a enlaçá-la. Mas as bocas estavam a um milímetro do beijo, um pouco mais que ele baixasse... A aflição que me dava aquelas bocas entreabertas, sem poder se juntar.''
''Lua Crescente em Amsterdã''



Texto 03



Confissão
(Lygia Fagundes Telles)

- Fui me confessar ao mar.
- E o que ele disse?
- Nada.



 Parâmetros para a construção do texto
  • Os alunos podem criar minicontos, em forma de notícia, seguindo o modo enunciativo ou usando a entrevista como investimento subjetivo;
  • através da descrição, há a possibilidade de assumir o papel de sujeito enunciador;
  • formar tramas, induzindo a causalidades;
  • avaliar de forma ética, pragmática e estética os argumentos possíveis diante dos valores que podem ser discutidos a partir da diversidade dos temas nas micronarrativas.



 Fontes bibliográficas disponíveis para os discentes:



Avaliação



Os alunos serão avaliados com base, especialmente, na produção de minicontos, uma vez que o texto dos alunos mostrará a desenvoltura e a interatividade com que assimilaram o novo gênero aprendido. Faz parte da avaliação, a leitura do miniconto em sala.

Professora Marília Mendes. Disponível em < http://ww.lilamendes.blogspot.com>



Referências bibliográficas



Sites de pesquisa : http://portaldoprofessor.mec.gov.br
http://www.lilamendes.blogspot.com