Você sabe, a arte da conquista sempre foi natural em mim. Claro que a
alcunha “grande” me ajudou nas aproximações, apesar de ter me feito
colecionar inúmeros processos por propaganda enganosa. Mas o que me
permitiu construir um dos maiores impérios da história da humanidade, só
rivalizado por Roma, Estados Unidos e Ricardo Teixeira, foi minha
percepção de que a melhor maneira de controlar um povo é respeitar os
dominados. Por isso, em cada cidade que conquistei, eu mantive os
governantes, a religião, a língua e os costumes locais. Tanto é que na
Pérsia fiz força para ser Xá, no Egito Faraó e se eu invadisse a
Inglaterra estragaria meus dentes.
Nesse momento, muitos dos lugares que estiveram sob meu poder são palcos
de revoltas populares, potencializadas pelas redes sociais. Leio que as
comunidades rebeldes não estão organizadas em torno de grandes líderes,
de bandeiras ideológicas ou religiosas. Parece que o pessoal quer mesmo
emprego, dinheiro no bolso, sinal de Wi Fi estável e uma senha fácil de
decorar.
Fosse eu, no lugar dessas juntas militares que estão assumindo o lugar
dos ditadores, prestaria muita atenção nos desejos do povo. Eu trataria
logo de bajular as populações, instituindo o que chamaria de democracia
facebuquiana. E o que vem a ser essa tal de democracia facebuquiana? -
você há de indagar. Boa pergunta, com tantas janelas abertas na sua
tela, achei até que você não estava prestando atenção.
Na democracia facebuquiana, todos seriam obrigados a aceitar como amigo
todo e qualquer cidadão de seu país. Nem aquele cunhado que lhe deve
dinheiro poderia ser ignorado. De tal forma que qualquer indivíduo
poderia propor uma nova lei ou emenda. As votações seriam simples, no
esquema curtir ou deixar de curtir. As que tivessem mais curtir
obviamente seriam aprovadas. Como primeira consequência favorável, o
Poder Legislativo poderia ser extinto. E como efeito colateral
indesejado, seria o fim da divertida TV Senado. A população trabalharia
só um turno, para que no outro pudesse participar das votações e da vida
alheia, algo que já acontece em muitas empresas. O ministro da
Agricultura seria escolhido pelos seu talentos apresentados no Farmville
e o da Segurança no Mafia Awards. As demais pastas seguiriam com os
habituais incompetentes. Não se pode mudar tudo de uma vez só. Quem
marcasse uma foto ou imagem com mais de 15 nomes seria sumariamente
preso, sem direito a fiança. Por incrível que pareça, o grande obstáculo
para implementar essa ideia seriam os aniversários. Pois cada cidadão
precisaria de um mês de férias para responder a todos os cumprimentos. O
que resultaria num impacto negativo da economia. Mas esse é o preço a
se pagar pela maior participação popular.
POSTADO POR: Alexandre, o Grande
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