Vestindo
uma camiseta de malha e uma calça estilo roqueiro, ele, a estrela da
noite, subiu ao palco com alguns minutos de atraso, mas deixou a plateia
do chevrollet Hall alucinada.
Extremamente
magro, aos 71 anos, ele prova vitalidade e muita paixão pelo rock,
desde a sua participação nos Beatles. Abriu show com música de sua
própria autoria, It Don't Come Easy.
O que o ex-integrante da banda de rock mais popular do mundo traz nessa turnê é a apresentação da sua banda All Stars Band, que
conta com a participação de Wally Palmar (guitarra; ex-The Romantics),
Edgar Winter (teclado; irmão do guitarrista Johnny Winter), Gary Wright
(teclado; ex-Spooky Tooth), Richard Page (baixo; ex-Mr. Mister), Rick
Derringer (ex-McCoys), e Gregg Bissonette (bateria, ex-David Lee Roth).
Em um repertório em que cada um teve a chance de evidenciar o seu
talento e em muitos momentos, compartilhado com Ringo, não teve quem não
o enxergasse como " o baterista ".
Investindo em canções da década de 80, Ringo ganhou mais admiração do público, exatamente quando tocou Yellow submarine
e mostrou que será conhecido eternamente como o baterista dos Beatles.
Há quem tenha esperado mais do show de um ex-beatle na capital mineira,
em espetáculo inédito, mas ainda que eu quisesse evitar as comparações,
Paul Mc Cartney, no Rio, presente de aniversário, me será mais
inesquecível.
O
fato é que Ringo fez um show mais engraçado. Comunicativo,
movimentando-se o tempo todo, ele encheu mais o palco com sua presença.
No entanto, a visão de Paul McCartney, incitando o público na canção Hey Jude, levando milhares de pessoas ao êxtase de velhas e apaixonantes canções como My Love, ao piano, emoções aflorando, não seria ofuscada por um show com menos delírio por parte dos Beatlemaníacos.
Embora
ex-integrantes da mesma e imbatível banda, têm performances muito
diferentes e quem foi ver Ringo, achando que ele faria um resumo musical
dos Beatles no palco, saiu um pouco decepcionado. Ele não cumpriria o
mesmo setlist de Paul. Não chegaria a tanto para aqueles que são embevecidos do romantismo de Paul McCartney . Acho até que supervalorizo o astro Paul, embora nunca tenha escondido um certa predileção por George Harrison.
O
show teve duração de uma hora e 50 minutos aproximadamente. Tive muito
trabalho para chegar. Estava esforçando-me para não perder nada.
Terminado o show, a sensação foi de dever cumprido, diante da euforia de
gostar da banda à qual ele pertenceu. Vê-lo na bateria, ali, foi bem
mais emocionante do que ver qualquer outro integrante da nova banda.
Sem
tirar o brilho de Ringo, propício a novas canções, solto no palco, um
setentão enlouquecido na bateria, no rock estiloso e de pura adrenalina,
eu entendo que a banda e as canções que todos queriam, ficaram na
memória.
Perdoe-me
Ringo. Eu entendi bem tudo que você disse em Inglês durante o show e
até valorizo suas inúmeras demonstrações de carinho para com o público
mineiro. Mas nada que se compare ao magnetismo de Paul Mc Cartney, que
me fez vibrar, que me tirou do lugar comum e permitiu que eu me
excedesse. Primeiro na emoção, depois na paixão que foi assistir Paul,
conhecer o Cristo Redentor, visitar as praias lindas da cidade
maravilhosa, ao lado da pessoa mais amável que eu já conheci . Uma
pessoa que de tanto ser sofisticado, tem me ensinado que a simplicidade é a máxima de toda sofisticação. Digo e repito : o melhor aniversário e o melhor presente de todos os tempos.
Canções do show :
It Don't Come Easy , Honey Dont ,Choose Love, Talking in Your Sleep ,I Wanna Be Your Man, Dream Weaver , Kyrie , The Other Side Of Liverpool, yellow Submarine , Frankenstein, Back Off Boogaloo , What I Like About You ,Rock and Roll, Hoochie Koo ,Boys ,Love Is Alive ,Broken Wings ,With a Little Help from My Friends ,Give Peace a Chance e outras.
Marília Mendes