A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) promove desde 2005, o Fórum das Letras,
permitindo um diálogo entre autores consagrados da nossa literatura e
convidados de outros países com um público ávido por temas ligados à
arte literária, dada a importância de Ouro Preto, enquanto Patrimônio
Cultural da Humanidade. A identidade da nossa cultura, a riqueza
literária nos países de língua portuguesa e a integração dos povos
representantes dos países da Língua reforçam o dinamismo de diferentes
linguagens que percorrem o mundo no que versam nossas obras literárias.
A agenda sortida e enriquecida a cada ano, traz nomes e novidades, além de lançamentos de novos títulos, que valorizam a educação e os traços culturais de um povo que está aprendendo a valorizar a leitura. Assim é que vejo o interesse entre leitores de diferentes idades que encontram nos livros, uma séria e espontânea defesa diante das armadilhas sociais do nosso século.
O Fórum conta ainda com a Via-Sacra poética, levando poesia para todos os cantos da velha e sempre nova Ouro Preto. Um projeto de cunho folclórico, composto de encontros com jovens escritores.
O tema desse ano "Memória do Esquecimento" está desde o dia 11 e segue até o dia 15 de novembro com abordagens relacionadas a tópicos que propõem divulgar a nossa literatura, antes entendê-la e questioná-la com conhecimento e contextualização dos autores e suas obras. Autores como Afonso Romano de Sant' Anna, Frei Betto, Carlos Herculano Lopes, Marcelo Tas, Márcia Bulcão, Marina Colasanti, Nicolas Behr, Rubem Alves, Rui Morão, entre tantos que, como a poetisa Adélia Prado, deixam sua contribuição para esse encontro.
No domingo, em participação oportunizada pela FIEMG, contei com a programação da Literatura em Cena, com o tema As Minas Gerais: 300 anos de aventura, cobiça e fé, reunindo Frei Betto, Ivan Marques e Lucas Figueiredo. A mediação de Angelo Oswaldo no Cine Vila Rica .
O grande debate trouxe Propostas para a internacionalização da Literatura Brasileira com os escritores Affonso Romano de Sant’anna, Berthold Zilly, Jonah Straus e Nicole Witt. O discurso atenuou a falta de tradutores capacitados para levarem nossos textos ao conhecimento do mundo. De acordo com Jonah Straus, uma das maiores dificuldades da apresentação de livros brasileiros lá fora é encontrar bons tradutores. Restaram dúvidas. A literatura brasileira reúne aspectos que vão muito além das traduções. Conhecimento parte do princípio de que o amor que se tem aos livros e o acesso que a eles nos é disponibilizado também interferem na divulgação de grandes nomes e de grandes títulos. A questão é : proporcionar aos leitores de diferentes classes sociais e mesmo com formação em escalas diferentes, acesso aos livros de forma contínua. Ainda pagamos caro pelos títulos. No entanto, o livro digital tem facilitado a vida de muitos estudantes na internet.
Hoje, acontece o debate: A biblioteca é um mundo, o mundo é uma biblioteca com Carlos Liscano (presidente da Biblioteca Nacional do Uruguai), Fabiano Piúba (diretor do Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura), Luiz Amorim (idealizador da Biblioteca dos Pontos de Ônibus de Brasília).
Amanhã, ainda teremos o Projeto Miguilins com a Interpretação de trechos da obra de Guimarães Rosa e o show Noel, um reconto de histórias pela escritora Márcia Bulcão.
Durante todo o fórum, Ouro Preto é decorada com exposições diversas e de extremo bom gosto, como é o caso da Exposição Permanente das Bordadeiras de Cordisburgo, apresentando o artesanato local das Minas Gerais, a presença diária da aliança Francesa e do departamento de música da UFOP.
As perspectivas de narrativas , ficção e filosofia também endereçam o encontro. Foram lembrados ainda O Brasil no Olhar de Elizabeth Bishop, a sessão de contos e a vida e obra do escritor Rui Morão.
Para mim, contudo, o grande momento, entre tantos que estão contribuindo para um encontro como esse até agora, foi o grande lançamento de um dos meus preferidos, Rubem Alves, Palavras para desatar nós . Fiz algumas anotações relacionadas ao escritor :
Segue amanhã, a Leitura de “Cartas perto do coração” – Clarice Lispector e Fernando Sabino por Alicia Duarte e Fabrício Marques. São nesses caminhos do ouro, que reúnem do velho e do contemporâneo, da música, do bordado e da escrita, que trilham os amantes das letras. Assim seguem os plantonistas logo ao centro, circunvoando na alma, na antítese do reino fino, virado e revirado do poeta Drummond, sobre o tempo. Não de morte, mas da vida que renasce incansavelmente, na minha cidade preferida: Ouro Preto.
Professora Marília Mendes
A agenda sortida e enriquecida a cada ano, traz nomes e novidades, além de lançamentos de novos títulos, que valorizam a educação e os traços culturais de um povo que está aprendendo a valorizar a leitura. Assim é que vejo o interesse entre leitores de diferentes idades que encontram nos livros, uma séria e espontânea defesa diante das armadilhas sociais do nosso século.
O Fórum conta ainda com a Via-Sacra poética, levando poesia para todos os cantos da velha e sempre nova Ouro Preto. Um projeto de cunho folclórico, composto de encontros com jovens escritores.
O tema desse ano "Memória do Esquecimento" está desde o dia 11 e segue até o dia 15 de novembro com abordagens relacionadas a tópicos que propõem divulgar a nossa literatura, antes entendê-la e questioná-la com conhecimento e contextualização dos autores e suas obras. Autores como Afonso Romano de Sant' Anna, Frei Betto, Carlos Herculano Lopes, Marcelo Tas, Márcia Bulcão, Marina Colasanti, Nicolas Behr, Rubem Alves, Rui Morão, entre tantos que, como a poetisa Adélia Prado, deixam sua contribuição para esse encontro.
Ouro Preto- 13/11/11 |
No domingo, em participação oportunizada pela FIEMG, contei com a programação da Literatura em Cena, com o tema As Minas Gerais: 300 anos de aventura, cobiça e fé, reunindo Frei Betto, Ivan Marques e Lucas Figueiredo. A mediação de Angelo Oswaldo no Cine Vila Rica .
O grande debate trouxe Propostas para a internacionalização da Literatura Brasileira com os escritores Affonso Romano de Sant’anna, Berthold Zilly, Jonah Straus e Nicole Witt. O discurso atenuou a falta de tradutores capacitados para levarem nossos textos ao conhecimento do mundo. De acordo com Jonah Straus, uma das maiores dificuldades da apresentação de livros brasileiros lá fora é encontrar bons tradutores. Restaram dúvidas. A literatura brasileira reúne aspectos que vão muito além das traduções. Conhecimento parte do princípio de que o amor que se tem aos livros e o acesso que a eles nos é disponibilizado também interferem na divulgação de grandes nomes e de grandes títulos. A questão é : proporcionar aos leitores de diferentes classes sociais e mesmo com formação em escalas diferentes, acesso aos livros de forma contínua. Ainda pagamos caro pelos títulos. No entanto, o livro digital tem facilitado a vida de muitos estudantes na internet.
Hoje, acontece o debate: A biblioteca é um mundo, o mundo é uma biblioteca com Carlos Liscano (presidente da Biblioteca Nacional do Uruguai), Fabiano Piúba (diretor do Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura), Luiz Amorim (idealizador da Biblioteca dos Pontos de Ônibus de Brasília).
Amanhã, ainda teremos o Projeto Miguilins com a Interpretação de trechos da obra de Guimarães Rosa e o show Noel, um reconto de histórias pela escritora Márcia Bulcão.
Durante todo o fórum, Ouro Preto é decorada com exposições diversas e de extremo bom gosto, como é o caso da Exposição Permanente das Bordadeiras de Cordisburgo, apresentando o artesanato local das Minas Gerais, a presença diária da aliança Francesa e do departamento de música da UFOP.
As perspectivas de narrativas , ficção e filosofia também endereçam o encontro. Foram lembrados ainda O Brasil no Olhar de Elizabeth Bishop, a sessão de contos e a vida e obra do escritor Rui Morão.
Para mim, contudo, o grande momento, entre tantos que estão contribuindo para um encontro como esse até agora, foi o grande lançamento de um dos meus preferidos, Rubem Alves, Palavras para desatar nós . Fiz algumas anotações relacionadas ao escritor :
Ao ser perguntado se já mentiu, Rubem Alves responde que às vezes a verdade é autodestrutiva. "O amor é mais importante que a verdade"."Literatura para mim não é só forma, é o modo que tenho de ajudar as pessoas com as palavras. É por isso que eu escrevo", diz Rubem Alves.Em outros momentos, outras citações memoráveis :
"Dizer uma palavra é afirmar a sua virtude e exorcizar o seu terror", diz Rubem Alves, citando o poeta Fernando Pessoa.
"Sapiência é uma pitada de saber, nada de poder e o máximo possível de sabor", finaliza Rubem Alves.
Marina Colasanti: “Sem memória não há trânsito verdadeiro em uma obra . Ninguém fala de amor sem ter amado.”/ Toda ficção é memória. Um escritor inventa, mas os tijolos com que constrói sua obra são feitos de memória.”
Frei Betto: a história de Minas é muito importante, porque a história do Brasil, principalmente nos séculos XVII e XVIII, foi centrada aqui.
João Gabriel de Lima: independente do tamanho do texto, ele precisa ser bom. Valoriza-se também a autoria, o texto diferenciado.
"Escrever p/ libertar-se da memória... Narrar é uma forma de barganhar com a morte (Sherazade)" ( Ronaldo Correia de Britto) .
"Não consigo esquecer coisas que me foram ditas, olhares que me foram dados. Tenho ótima memória e isto move minha escrita” ( Miguel Neto ).
Segue amanhã, a Leitura de “Cartas perto do coração” – Clarice Lispector e Fernando Sabino por Alicia Duarte e Fabrício Marques. São nesses caminhos do ouro, que reúnem do velho e do contemporâneo, da música, do bordado e da escrita, que trilham os amantes das letras. Assim seguem os plantonistas logo ao centro, circunvoando na alma, na antítese do reino fino, virado e revirado do poeta Drummond, sobre o tempo. Não de morte, mas da vida que renasce incansavelmente, na minha cidade preferida: Ouro Preto.
Professora Marília Mendes