O tema da redação do Enem deste domingo foi o uso da internet e a relação entre informações públicas e privadas. Eu diria que o tema já era esperado, dado o uso frequente das redes sociais como ferramentas pedagógicas, políticas, pessoais, entre outros.Aproveito a oportunidade e apresento a relação possível e eficiente que pode ocorrer entre escola e internet a partir das minhas experiências.
Explorar o tema
Linguagem e Tecnologia tornou-se interessante e necessário para a
elaboração de aulas de Português mais dinâmicas e atraentes .
Relacionar escrita e leitura com a possibilidade de novas tecnologias
cria um novo contexto, unindo escola e mídia, no que
infere reflexões que dizem respeito à postura que os professores e
as escolas podem ter , quando acolhem práticas pedagógicas virtuais
e decidem por aplicá-las, a partir do aparato tecnológico de que
fazemos uso na atualidade.
O que falta
exatamente, para que o discurso eletrônico seja eficiente dentro de
uma instituição de ensino, capaz de convencer alunos , professores
e coordenadores a buscarem no hipertexto uma nova forma de explorar a
linguagem? Como incorporar as redes sociais na prática de sala de
aula, de forma objetiva e também eficiente , propondo através
delas, a produção de textos, estudos de gramática , criação de
vocabulários de forma interativa, fazendo com que , de fato, o
saber seja compartilhado ?
São
questões que, por mais que sejam discutidas, merecem um novo olhar
por parte do professor, que busca explorar a relação da escrita com
a oralidade , fazendo uso do computador em suas atividades com
finalidades pedagógicas.
Considerando
que os professores ainda não se sentem efetivamente à vontade, ao
utilizarem os novos gêneros digitais como objetos de ensino, talvez
por despreparo ou pelo próprio conservadorismo do sistema em que se
encontram inseridos, digitalizar seus conteúdos e, principalmente ,
compartilhá-los com os alunos, continua sendo uma tarefa difícil de
se encarar no ambiente escolar, o que nos leva a repensar alguns
aspectos da própria educação.
Em
geral, as aulas de língua portuguesa , que sempre se utilizam dos
mesmos recursos didáticos como livro, lousa, giz e caderno, trazem
um notável descontentamento nos alunos, sobretudo nos adolescentes
que dispõem , atualmente, de outras formas de comunicação mais
ágeis e constantes em sua rotina , pouco comuns no contexto
escolar e às vezes, no contexto do próprio professor, que faz parte
de uma mesma cultura cibernética
que ele vem tentando relacionar ao seu espaço na escola , mas
consciente de que ainda não o domina completamente . Tentar utilizar
esse espaço cibernético na escola é uma realidade, mas que,
quando os recursos são mal utilizados, podem desconstruir o real
sentido do conteúdo a ser alcançado. Como menciona Marcuschi ( 2005
) ao se referir à leitura inadequada de hipertextos que podem
confundir o leitor, que ele chama de hiperleitor, levando-o ao
abandono da leitura em meio a tantos links.
Em
recentes experiências , tenho observado que a direção e a coordenação das
escolas exigem novos recursos para a promoção de aulas mais
atrativas e até há um investimento considerável em laboratórios
de informática cada vez mais sofisticados, sendo um computador por
aluno, mas que na prática , são espaços que se tornam apenas mais
um ambiente de decoração ou que são meramente utilizados nas
aulas de informática. Por um lado, existe um sistema que
deseja uma escola inserida no contexto digital , mas
que não compartilha claramente do desenvolvimento das atividades
propostas pelos professores ; por outro lado, temos alunos
intrigados com a forma com que os professores utilizam os recursos
midiáticos em suas aulas , diante de acessos restritos e , em
alguns casos , apenas para leitura, sem interagir produzindo, criando
ou recriando, deixando-os na mesma condição de leitores passivos.
Já presenciei aulas em que os alunos já encontravam a tela do
computador pronta e, a partir da leitura do que estava salvo , fariam a atividade, sem o trabalho de sequer digitar ou usar a
internet. O uso da internet era proibido pelo professor que temia o
acesso indevido de outros sites em suas aulas.
A
utilização de gêneros textuais chamados emergentes no ambiente
escolar, ainda de acordo com Marcuschi ( Apud 2005 ) , exige repensar
o discurso eletrônico que tem sido utilizado na interação digital
. Alguns gêneros como o e-mail, os chats , vídeo-conferências ,
blogs e miniblogs estão, certamente, mais presentes na vida dos
estudantes e da sociedade em geral. O que implica em um olhar
cuidadoso do professor na escolha das ferramentas das quais fará uso
em suas aulas, ou seja, há a necessidade de se atentar à elaboração
de práticas que tenham finalidade pedagógica, mas que não tirem do
aluno a capacidade de se tornar sujeito no contexto em que se
encontra, capaz de criar, fazer e agir na realização das tarefas. É
possível discutir um conteúdo , tirar dúvidas ou até mesmo
promover encontros de alunos , utilizando as tecnologias de
informação para a construção coletiva do conhecimento. Partindo
dessa ideia, acredito ser possível a feitura de aulas de Português ou de Inglês
proveitosas e interessantes ao mesmo tempo, usando a internet como
objeto de ensino.
(Texto integrante do meu projeto pessoal )
Professora Marília Mendes
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Postado por Marília Mendes em 23/10/2011
Referências Bibliográficas
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COSCARELLI, C.; RIBEIRO, A. E. (Org.) Letramento Digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
SNYDER, I. Ame-os ou deixe-os: navegando no panorama de letramentos em tempos digitais. In: ARAÚJO, J.C; DIEB, M. (Org.). Letramentos na web: gêneros, interação e ensino. Fortaleza: Edições UFC. 2009, p. 23-46. Disponível em: Letramentos na web: gêneros interação e ensino.