23 julho 2011

" Doidivana diva. Vida de artista é clichê. Ou morre de overdose ou entra para seita ou vive em rehabs. Os sobreviventes viram dinossauros." 
( Rita Lee )


Aos 27 anos, no início da tarde deste sábado , morre a cantora britânica Amy Winehouse com a possível suspeita  de  overdose. Esperaríamos uma gripe talvez?

Com uma carreira cultivada com músicas pessoais, assinadas pela própria cantora, Amy marcou presença também por seus escândalos e  por seu histórico com drogas e álcool, o que certamente, viria a comprometer seus shows, que passaram a ser desmarcados e quando não, eram estreitamente forçados pelos produtores, que já temiam um fim de carreira  como o daqueles que vivem uma vida desregrada .Uma curta trajetória muito semelhante a de grandes nomes que teorizaram o clube dos quase 30: Kurt Cobain, Janis Joplin, Jimmi Hendrix, Jim Morrison e Bradley . A cantora, apesar de muito jovem,  teve tempo para estender um repertório que havia prometido  ao pai. 

Sem linha nenhuma, essa é a verdade, a diva, indisciplinada, era proprietária de uma mescla de dar o que falar, incorporando o jazz , o soul e o pop, resgatando boas porções de otimismo da música dos anos 30/40, inovada para uma geração Amytista. Desfigurada em cada show, perdia potência vocal, equilíbrio no palco e a expressividade do início da carreira.Ela deu ao seu público muito menos do que poderia.Era a contagem regressiva para o fim.

Embora tenha levado uma vida pessoal que não serve de exemplo para ninguém, Amy Winehouse era dona de um estilo arrojado,  ao interpretar velhos pop's ou canções novas, tematizando aspectos da sua relação instável e amarga com as drogas, com  inflexões fortes, ainda que carregassem um tom de malícia ou revolta.

Desacreditada no amor, é assim que interpreto a letra Love is a losing game, Amy protagonizava a Diva na linha quase reversa a das que conhecemos frente à fronteira da intimidade.Mas havia espaço reservado ali para o luto e para o retorno à vida ( mundana ), da qual, na infelicidade, ela não conseguiu sair.Entrave na dualidade de Amy. Um retorno, sempre infeliz e impróprio.O clichê ou a dinossaura que ainda engatinhava, o fato é que ela interrompeu o seu tempo, o que a  difere mais pela continuidade do que ficou do que pela sua própria morte. A morte também é clichê.

Lamentavelmente, fica o registro de uma música que morre precoce, brutalmente , sem legítima defesa, ao tentar vencer sua dependência química.
Uma voz tênue, que a salvava do terror fora dos palcos. Repercussão esperada, já quase previamente visível, diante de alguém que do luto não saiu. Um luto, o qual eu imagino, em que ela, já decidida por morrer, há muito, permanecia dentro de si mesma.
Professora Marília Mendes


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