Contemple o Natal .
Natal de Manjedoura em presépios montados .
No seu Belém de papel ou na sua estrela cíclica, dos seus pinheiros e das suas ruas curvas da cidade concreta.
Deixe esse menino vir de novo,
na sua Nazaré de escândalos (do povo),
ou dessa gente que minimiza a dor
do parto, em ter que nascer todo dia para sobreviver.
do parto, em ter que nascer todo dia para sobreviver.
Deixe a Maria, deixe o José,
que caminham unidos em virtudes.
Nestes teus dezembros bem ou mal vividos,
das preces que fizestes no ano passado,
ou daquilo que não se confirmou.
ou daquilo que não se confirmou.
Das noites viradas e das visitas dos reis,
que não trouxeram teus presentes esperados,
ou que os trouxeram quase pela metade,
dos anjos que não te guardaram da tua própria falta de fé.
Lamente o perdido, o triste e o inevitável,
das contradições indiciadas no amargo e no velho ciclo
que não se fechou. Não era ainda o fim do mundo
e muita coisa ainda nem começou.
Mas a dor passou.
que não se fechou. Não era ainda o fim do mundo
e muita coisa ainda nem começou.
Mas a dor passou.
Instiga a hora e põe nela verdades,
emociona a tua oração,
de cantos para o alto, do sino de blém-blém-blém,
do que ninguém compreende e que por não compreender,
ainda espera.
Espere o Natal outra vez,
que tem cheiro de passas, nozes quebradas
ou cheiro de melancolia, sentada ao lado da esperança, compondo a mesa, cheio de resignação.
ou cheiro de melancolia, sentada ao lado da esperança, compondo a mesa, cheio de resignação.
Do prato fundo, raso, da receita tirada do ontem
que não serve mais nada.
Do vinho que venceu e das vindimas
que não fostes colher com amor, mas que deram frutos.
que não serve mais nada.
Do vinho que venceu e das vindimas
que não fostes colher com amor, mas que deram frutos.
Insista no natal sincero, que te reserva, austero,
escutando a voz do silêncio, do cheio de clarão,
que o natal não vira a esquina , não é pagão.
Seguindo ali na multidão,
com mais cor do que da neutralidade da última vez,
com mais cor do que da neutralidade da última vez,
da falta de fé que nada transformou.
Estacionado ali, espera o "vir ao mundo",
com flores de begônia e
com flores de begônia e
perfume de rosas.
Florido natal que te cerca,
natal de famigerados ou de gente anônima.
Ali, aqui, seguem na fila, esperando o natal,
esperando do natal,
da tua classificação e não de um prêmio,
oculta a via crucis, esmera...
Lá longe, alguém já viveu o natal,
E é lá, paciente e absoluto, que o mundo regenera...
O Natal vem hoje, amanhã e todo dia
em que menos se espera.
( Professora Marília Mendes )em que menos se espera.