24 fevereiro 2011

Regado a pouquíssima discrição e muito destempero, o Big Brother Brasil, em sua décima primeira edição, não é mais nem de longe, o campeão de audiência da noite.
O programa, batizado por George Orweel em 1984, ganhou a fórmula tupiniquim , às custas de uma premiação faraônica, com uma arquitetura em Jacarepaguá cada vez mais requintada e com participantes confinados, cada vez mais polêmicos.

A orientação sexual, que é item de menor importância para se definir um ganhador, passou, no entanto, a ser um demonstrativo de modernidade, de revolução sexual, em um país em que alguns jovens , deliberadamente, não usam camisinha e espancam homossexuais em plena praça pública.
É o avesso do avesso, tematizado por uma emissora de TV de prestígio, mas que pouco se preocupa com a formação e riqueza cultural dos seus telespectadores.
Ao que parece, o dinheiro movimentado pela telefonia e mesmo pelos merchan diários daria para premiar cada participante com valores maiores ao que é cogitado no programa. Porém, há o momento em que o dinheiro oferecido não cobre a rede de " barracos" e exposições grotescas de homens e mulheres que são "confinados" em clima de festa, que aprontam e ganham fama.

Engraçado é que, a ideia de um reality show com exibições diárias ou ainda em sistema pay-per-view, com um Orwelliano (Pedro Bial ) poético e habilidoso no verbal, atrai uma população de eleitores  ociosos e limitados.Bons telespectadores não se iludem , não votam e não perdem seu tempo.

Essa vigilância constante , sem sentido algum e sem nenhum proveito  não pode fomentar uma relação de " grande irmão".
Brother deveria ser aquele indivíduo que compartilha do melhor e não da mais baixa opção de programação que a mídia oferece. Hoje, salpicada com cenas que desmerecem os olhos das crianças e jovens adolescentes, que idolatram famosos por um curto período e começam a acreditar  que a vulgaridade tem espaço no mundo adulto, o Big Brother está deixando de ser " big" e vai perdendo sua pose.
Não dá mais a audiência dos primeiros episódios e os números de ligações caem com percentuais bem consideráveis.

Aos poucos, a população é iluminada pelos livros, pelos estudos, pelo cinema e pela arte com coisas ,especificamente, produtivas. É o que eu espero com fé. Quem sabe assim, o " grande irmão" que está na TV faça parte do cotidiano das pessoas que devem aprender a respeitar o espaço do outro, suas escolhas e seus caminhos. Por enquanto, à besta escuridão, não consigo enxergar esse brother. Mas acredito que ele esteja a caminho e ainda lute a nosso favor.
Grande abraço.
                                             Marília Mendes